O CHINELINHO VERMELHO
dedicado à minha irmã Sinuhe Farnese
viu a menina passar.
Ficou apaixonado de fato,
arrumou-se por inteiro
e decidiu se declarar:
-Meu coração é teu !
Me leve para passear...
Quero ver o Sol lá fora
ir contigo brincar !
Mas a menina não sabia,
a língua dos chinelos.
Corria no pega-pega
pulava amarelinha,
tão sapeca nem ouvia
o que o chinelinho dizia.
Uma fada passava perto,
viu a aflição do coitado.
Resolveu ajudar o chinelo:
mandou a borboleta
dar o recado.
A borboleta passou
bem no ouvido da
menina.
Disse depressa o recado:
- O chinelo está
apaixonado !
Mas a menina não sabia
a língua das borboletas...
a fada coçou a cabeça,
pensando uma solução.
Pediu a chuva que caísse
para molhar a calçada,
a menina então os calçaria
para não ficar gripada.
A chuva chegou de mansinho
encharcou o quintal e a rua.
(A menina parou de brincar
e foi ver televisão !)
O chinelo que era vermelho,
já estava roxo de tanto chorar !
Queria porque queria,
os pés da menina calçar.
Nisso chegou Maria,
a arrumadeira da casa da menina.
Olhou em volta, começou a arrumar.
Se abaixou junto à porta e disse distraída:
- Que chinelinho bonito ! Posso guardar ?
A menina deu um pulo
de grande satisfação:
- Ôba ! Achei meu chinelinho
que procurei um tempão !
Dizendo isso, calçou o chinelo.
E foram felizes para sempre.