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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

24 ANOS NO ESPAÇO SIDERAL


Por Jorge Luiz Calife / jorge.calife@diariodovale.com.br
 
No Mês passado, o governo Barack Obama decidiu manter a Estação Espacial Internacional funcionando até pelo menos o ano de 2024. 
Com isso, a base de pesquisas no espaço poderá completar 24 anos de operação contínua. Ainda não está claro se os outros parceiros (Rússia, Japão, Canadá e Europa) vão concordar com os custos adicionais. Tudo indica que sim, afinal, a ISS é a única base espacial da humanidade e a chave para o desenvolvimento de novas tecnologias. Mas custa caro. Só os Estados Unidos gastam três bilhões de dólares por ano com a Estação Espacial.

Uma base espacial internacional é a concretização de um velho sonho dos autores de ficção. Romances e séries de TV foram criados no século passado, imaginando como seria morar no espaço. A fantasia virou realidade em 1998, quando o primeiro módulo do projeto internacional foi lançado da base de Baikonur, na Rússia. A ocupação permanente teve início no ano 2000 e, nos últimos quatorze anos, o laboratório orbital tem sido tripulado por equipes de três a seis pessoas que se revezam em turnos de seis meses.

Eles fazem pesquisas nas áreas da medicina, física, ciência dos materiais e biologia. Pesquisam vírus causadores de doenças e células de câncer no ambiente de gravidade zero do espaço. Arthur C.Clarke, autor do roteiro do filme "2001" comentou uma vez que a ISS é tão bonita quanto um depósito de carros batidos.
Realmente, no quesito estética, a estação espacial não tem a elegância das rodas giratórias dos filmes e das histórias em quadrinhos. Isso acontece porque a ISS foi projetada para pesquisas na ausência de gravidade. Por isso ela não precisa ter a forma simétrica de uma roda para produzir gravidade por força centrífuga. As rodas gigantes da ficção poderão se tornar realidade um dia, se a humanidade colonizar o espaço. Por enquanto a forma esquelética da ISS dá para o gasto. Não é bonita, mas funciona.

Opinião
Bill Gerstenmayer, o diretor de operações da Nasa, deu entrevista esta semana falando da importância da base no espaço.

"Se a nossa espécie vai sair da Terra, e nós queremos ir além da órbita baixa (onde fica a ISS), precisamos desse trampolim no espaço" - comentou.

A ideia de um futuro humano fora da Terra vem do pioneiro russo Konstantin Ziolkowski. Ele disse uma vez que "A Terra é o berço da mente, mas não se pode viver para sempre no berço". Enquanto fica presa na Terra, a humanidade corre o risco de ser dizimada por catástrofes globais e fica com uma perspectiva limitada - brigando pelos recursos limitados do nosso planeta.

A vida no espaço nos revela a beleza e a vastidão de um Universo que a maioria das pessoas não consegue imaginar. Os astronautas adoram passar horas na cúpula de observação da ISS, vendo o mundo passar embaixo deles.
Um filme fascinante, gravado na estação, mostra o sobrevoo da América do Sul durante uma noite de verão.

O espetáculo de luz e cor é fantástico. As luzes das cidades parecem teias florescentes. E o que mais chama a atenção sobre o Brasil, são os relâmpagos iluminando as nuvens de tempestade.

Outros vídeos da ISS mostram o espetáculo incrivelmente belo do nascer do Sol e da Lua acima da atmosfera. Além de ser um lugar muito bonito para se viver, o espaço é uma fonte de recursos inesgotável. Os japoneses já estão pensando em iluminar suas cidades com energia elétrica transmitida do espaço sideral.

Para isso, é preciso montar painéis de fotocélulas lá em cima, onde o Sol brilha no espaço sem nuvens, e transmitir a energia para a Terra em um feixe de micro-ondas. E se a Terra parece bonita vista da ISS, a estação também fica muito bonita vista daqui debaixo.

Há alguns anos consegui surpreendê-la deslizando no céu azul de um cair da tarde, lá em Pinheiral (Município do Estado do Rio de Janeiro, onde moro) - cintilando como uma estrela prateada, mais brilhante do que Vênus. Para ver a ISS é só consultar a tabela no site da Nasa, que mostra as cidades que ela vai sobrevoar na hora do poente ou da alvorada. O futuro está lá em cima. E foi prorrogado até 2024.