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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

FRUTAS DE MARTE ...


No dia 9 de Janeiro de 2014, o portal de notícias Terra publicou uma notícia sobre as supostas “frutas” que haviam sido encontradas em Marte e que isso indicaria a evidência de vida microbiana, [1] no entanto a notícia está completamente equivocada, e para piorar, o Terra voltou a divulga-la sem mudar absolutamente nada em sua matéria.
É importante ressaltar que a suposta “fruta” em questão não é de origem biológica, é de origem geológica, e não é de forma alguma uma evidência da existência de vida microbiana em Marte.

O estudo publicado na Science Direct, “Geological features indicative of processes related to the Hematite formation in Meridiani Planum and Aram Chaos, Mars: A comparison with diagenetic hematite deposits in southern Utah, USA”, em português, “Características geológicas indicativas de processos relacionados com a formação de hematita no Meridiani Planum e em Aram Chaos, em Marte: Uma comparação com depósitos de hematita diagenéticos no sul de Utah, EUA”,  resume bem o resultado da suposta “fruta” encontrada em Marte.
Segundo o estudo, os depósitos de hematita estão ligados a características geológicas e geomorfológicas, tais como botões, morros, fraturas e anéis. Esses recursos terrestres são visíveis em imagens aéreas e de satélite, o que permite uma comparação com características semelhantes que ocorrem extensivamente nas áreas marcianas ricas em hematita. A combinação de processos envolvidos no movimento e precipitação de ferro no sul de Utah, forneceram novas perspectivas no contexto da formação de hematita em Marte.

Foi apresentado um mapeamento geológico e com características geomorfológicas -  em parte do Meridiani Planum e em Aram Chaos. 
 Com base em comparações dos mapeamentos ocorridos em Utah, foi apresentado um modelo para a formação dos análogos marcianos, bem como um modelo de transporte do ferro e a precipitação de Marte. Seguindo o modelo de Utah, as camadas de alto albedo e os anéis na área mapeada em Marte são devidos à remoção ou falta de ferro e precipitação de minerais diagenéticos secundários como os fluídos que subiram ao longo das fraturas e de materiais permeáveis. A hematita foi precipitada onde o fluído transportou o ferro reunindo condições oxidantes. O estudo mostra que alguns recursos geológicos e geomorfológicos podem ser ligados à formação de hematita em Marte e que as diferenças de pH podem ser o suficientes para o transporte de ferro a partir de uma fonte rochosa vulcanoclástica de ortopiroxênio. A presença de compostos orgânicos podem melhorar a mobilização do ferro nos processos de precipitação.

No estudo publicado no site da NASA, “Synthetic (hydrothermal) hematite-rich Mars-analog spherules from acid-sulfate brines: Implications for formation and diagenesis of hematite spherules in outcrops at Meridiani Planum, Mars”, em português, “Sintéticas (hidrotermais) hematites ricas em ácido sulfúrico nas salmouras de Marte: Implicações para a formação e a diagênese de esférulas de hematita em afloramentos no Meridiani Planum, em Marte”,  foi concluído que as esférulas do Meridiani Planum, em Marte, são concreções hematíticas diagnéticas que parecem ter formado sob condições de um fluxo de fluído isotrópico pela quebra de jarosita.

No entanto, a experiência e as esférulas em Mauna Kea sugerem que os sistemas hidrotérmicos podem ser necessários para a formação da esférula de hematita. 
A partir deste trabalho, podemos concluir que as esférulas de hematita em Marte podem ter se formado sob suaves condições hidrotérmicas quando soluções quentes movem-se através dos sedimentos de Meridiani, possivelmente , a partir do ácido sulfúrico sob a água subterrânea aquecida - por uma superfície perto de uma fonte de calor magmático.

FONTE: Universo Racionalista