Dedicado à Minha Filha Bárbara Vieira
Ela veio sem avisar. Quando eu soube (num presságio), já era tarde.Aves rápidas tomaram de um susto , meu coração e meu sono.
A vasta onda que se formou, arrastou consigo o solo, a sina, os alicerces de mim. No bote incerto , imersa em brumas, vaguei à esmo - temporais, loucas travessias,ventos em mar aberto. Cega e desnuda eu estava, maufragada em espumas desertas.
Depois o oceano emudeceu.
Quase sufocada remei à contragosto, a correnteza insana a me levar. À minha frente, caranquejos e sereias apontavam corais, tesouros perdidos em prantos e areias.
Na escuridão nenhum farol.
As marés e gaivotas levaram céleres, meu sonho ao continente.Nenhuma mobília ou apetrecho eu tinha. Não havia ainda casa de brisa, estio ao luar, palmeira ou terra firme ...
Nos acostumamos a remar.
Do oco das rochas, o sol alado, ela surgiu... o doce olhar em prece. Soprou as velas sem viço , suas mãos pequeninas guiaram meu corpo inerte. Harpas, encantamento, guizos... e seu riso - por labirintos subterrâneos, alcançaram meu destino.
Fez-se o futuro num instante
E mil caquinhos de luz, resvalaram à beira mar (SUIAN MOREIRA)