Páginas

terça-feira, 18 de setembro de 2012

VERDE PRA ESFRIAR

                                                     VERDE PRÁ ESFRIAR        
        
                                          Nunca vi tanta gente falando, proclamando e cuspindo Ecologia e Meio Ambiente como agora. É claro que o tema é no mínimo necessário (senão vital) no pandemônio instalado
em nosso século -  onde o consumismo alucinado, a industrialização e  urbanismo caótico são os pilares do  desenvolvimento.
                                         Mas o que tenho observado, na prática, é uma galera bancando a moderninha , panfletando sustentabilidade e levando o cachorro prá cagar no quintal do vizinho.
                                        É amados, o nome disso como vocês bem sabem, é  discurso vazio. E não falo só dos sem-noção, mas de empresas , esferas públicas e sociedade em geral.
                                         Como hoje é sexta-feira, dia internacional da esbórnia , não devo me alongar muito. Só vou riscar o fósforo, e que o próximo lance a pólvora - e se puder,  uma dinamitezinha  por favor.
                                        RECICLE, RECICLE, RECICLE...É um tal de mandar recliclar o lixo, os utensílios, as garrafas, os recursos... e a gente obedece feliz. Ôba tô fazendo a diferença para não entulhar o Planeta !  Meu netinho não vai ser consumido pelas erupções solares! Camada de ozônio - vem cá minha linda....Mas cadê a porra da contrapartida que não funciona nem meio porcento em relação à gritaria ?
                                        Vejamos :
                                       O lixo eu amarro direitinho, tudo separado - e cadê uma coleta séria, dia certo como a morte ? Ah...aí o caldo engrossa...  Confira as estatísticas, e verá que as Prefeituras não dão conta nem do lixo zoneado, quanto mais dos bonitinhos !!!
                                      Aparelhos domésticos são descartados feito bosta :  microondas, celulares, TVs de bunda grande, carros, mobília - descarga abaixo, ninguém quer saber de consertar nada, nem quer ficar à margem das maravilhas tecnológicas .No capitalismo selvagem não há incentivo nem solução para isso. A Lei Divina da Economia Moderna é compre, consuma, troque por um modelo fabuloso, pague um e leve dois.
                                     Máquinas cuspindo mais  máquinas, montagens. inssumos e  durabilidade , tudo à jato, descartável. Sua satisfação garantida até o próximo ano e seu dinheiro de volta (pro bolso deles).E o ciclo alucinado recomeça.
                                    Encontrei ontem,  meu ex professor de yoga, sessentão na ativa,  ambientalista, ativista cultural, pregador da simple life, não fuma, não bebe, num nada.Quase um Buda prá mim, O cara vinha levitando porque tinha acabado de comprar  uma TV  Led 54 polegadas. "Preciso assistir aulas de atualização " , explicou.
                                 Pensei comigo : aula porra nenhuma, esse gaiato vai é ver "Bonanza" no TCM, sei que ele gosta. E tem todo direito, é lógico, eu também não vivo sem meus menus.
                                 No encontro do Partido Verde deste ano, quase fui expulsa por causa de um ataque de riso na hora errada. Explico : duas palestrantes de fama considerável, sentaram-se à mesa do jardim comigo para uns drinks. Eu quieta e elas disputando quem falava mais bonito sobre as decisões verdes. A certa altura comecei uma crise de riso interna, que não pude reprimir e tornou-se uma convulsão de gargalhadas, onde quase me mijei.Uma atropelava a outra:
                               -- Para mim, o meio ambiente é sagrado ! - bradava uma
                               -- Eu tenho os rios e as matas correndo  nas veias.Você sabia que meu avô era índio ? -retrucava a outra.
                               E enquanto isso, fumavam e bebiam feito loucas,  o fumacê subia num cogumelo igualzinho as fotos da Bomba Atômica, e condensavam a árvore acima de nós, numa atmosfera de filme de terror.
                              Tentei disfarçar o impulso,  quis me levantar mas já era tarde : ondas gigantescas de riso esparramado me sufocaram.Explodi já me despedindo,  elas me olharam como se eu fosse um E.T. 
                             Daí eu ria mais ainda, tentava conter o acesso, pedia desculpas meio sem fôlego e continuava a rir.  As sustentáveis queriam explicações , e quase forçada, apontei para a árvore que mais parecia uma chaminé.Tudo no bom humor ...
                            Mas não teve jeito  : fui educadamente despachada  porta afora.
                              E rindo !