Em 1996, Daniel Goleman, PhD em psicologia por Harvard, lançou "Inteligência Emocional" - livro que se tornaria best-seller no mundo inteiro. Era uma época em que a Teoria das Inteligências Múltiplas, proposta na década de 1980, começava a ganhar força e a tirar dos testes de de QI a hegemonia como principal índice quantificável da inteligência humana.
Dezoito anos depois, a Teoria das Inteligências Múltiplas já é um importante campo de estudos e a inteligência emocional passou a ser valorizada e se tornou algo que os departamentos de recursos humanos levam em consideração na hora de contratar um novo funcionário.
Com a importância da inteligência emocional consolidada, Goleman lança " Foco" - uma obra que defende a importância da atenção e nos alerta para o fato de vivermos numa era completamente dispersa.
Se em 1996 era importante sublinhar a existência da inteligência emocional diante dos testes de QI quadradões, hoje, com a revolução dos meios de comunicação, a consolidação da internet como ferramenta, os laptops, os smartphones, os tablets e a imensa quantidade de informação que nos é oferecida diariamente, nosso grande desafio é manter o foco nas nossas tarefas rotineiras e nos nossos projetos.
Goleman dispara uma verdade que todos nós já conhecemos: a geração que nasceu na frente do computador tem pouca capacidade de concentração e, consequentemente, não tem foco.
Diante de tantas oportunidades de informação, educação e entretenimento, perdemos o costume de parar para pensar e refletir sobre toda a informação que angariamos, o que restringe nossa visão e torna nossas mentes cada vez mais estreitas e incapazes dos saltos que só acontecem após momentos de reflexão e análise profunda.
Os livros que colocam nossos pés no chão e nos auxiliam a manter nossa concentração naquilo que é realmente relevante já se tornaram uma tendência. No seu Conecte-se ao que importa, Pedro Burgos usa sua experiência pessoal de jornalista de tecnologia e hard user de internet para alertar as pessoas para o excesso de informação consumido diariamente. No Get Things Done (que aqui no Brasil saiu com o título meio auto-ajuda de "A Arte de Fazer Acontecer"), David Allen ensina o método GTD que se tornou febre e promete ajudar as pessoas a organizar todas as suas tarefas de modo que elas sejam realmente feitas até o fim !
Se o livro de Burgos fala sobre como escolher aquilo que é relevante - e o de Allen mostra como não permitir que coisas que não são realmente importantes interfiram naquilo que queremos ver feito e acabado, o "Foco" de Daniel Goleman explica, numa linguagem leve como podemos programar o nosso cérebro para prestar atenção nas coisas e obter um melhor desempenho nas nossas funções. Um trio bem interessante para se ler ao mesmo tempo.
“A atenção funciona como um músculo: pouco utilizada, ela definha; bem utilizada, ela melhora e se expande.”Goleman une seus conhecimentos de psicólogo a suas pesquisas na área de neurociência para nos explicar como o nosso cérebro funciona, quais são os momentos nos quais permitimos que nosso foco se disperse e como evitar isso. O resultado é um livro sem academicismo e de leitura fácil, que usa episódios do dia a dia para analisar as questões do foco e da dispersão.
Durante a leitura, você certamente vai exclamar algo como “Ei, eu faço exatamente isso o tempo todo!”
O livro se baseia numa tríade de focos: o foco interno, o foco externo e o foco no outro - e ensina como juntar os três para tirar o máximo da nossa capacidade de atenção.
“Muito recentemente, a ciência da atenção floresceu para muito além da vigilância. Essa ciência diz que nossa capacidade de atenção determina o nível de competência com que realizamos determinada tarefa. Se ela é ruim, nos saímos mal. Se é poderosa, podemos nos sobressair. A própria destreza na vida depende dessa habilidade sutil. Embora a conexão entre atenção e excelência permaneça oculta a maior parte do tempo, ela reverbera em quase tudo que tentamos realizar.No Foco, Goleman nos ensina a preparar e exercitar nossa atenção para que ela trabalhe sempre em sua melhor forma.
Essa ferramenta flexível se adapta a inúmeras operações mentais. Uma pequena lista de alguns pontos básicos inclui compreensão, memória, aprendizagem, percepção do que sentimos e por que, leitura das emoções dos outros e interação harmoniosa. Trazer à tona esse fator invisível de eficiência nos permite visualizar os benefícios de aprimorar essa faculdade mental e compreender melhor como fazer isso.”
FONTE : GIZMODO.uol.com.br